As Características do Grupo
Cristão
- Obstáculos e Dificuldades -
I.
Características fundamentais de um grupo cristão
Relação/Amizade:
relações que não se baseiam numa mera simpatia, mas numa amizade conquistada pela
aceitação e respeito mútuos, pela confiança de uns para com os outros, pela
ajuda que procuram prestar, pelo esforço de partilhar cada vez mais o que são e
o que têm.
Reflexão
e aprofundamento na fé:
abrir-se à mensagem de Jesus Cristo e procura em conjunto da resposta a dar a
essa mensagem. Colocar-se numa atitude de conversão, revendo a sua vida em
comum. Para assegurar uma caminhada nesta reflexão, convém marcar um temário.
Cada tema desenvolve-se a partir de um documento ou de uma leitura pessoal que
se comenta entre todos e aí aparecem as interrogações da vida. Por vezes, pode
fazer-se a reflexão a partir de uma passagem evangélica ou de um acto que
aconteceu.
Oração-celebração: orar
para celebrar e tornar consciente a presença de Jesus no grupo para buscar a
vontade de deus e pedir força para cumprir. A oração pode ser sugerida pelo
tema que se reflectiu ou por algum acontecimento. Antes de cada reunião pode
rezar-se um pouco ou dedicar um encontro cada mês para isso.
Compromisso:
comprometer-se na acção e pouco a pouco esse compromisso vai transformar-se num
projecto de vida, segundo os valores que se vão assumindo.
I.
Dificuldades e obstáculos que o grupo pode
enfrentar
1.
Grupo ocasional
É o
grupo que se deixa com facilidade, por qualquer motivo. O grupo é "mais
uma experiência", de modo que quando há interferências com outras
actividades (desporto, festas de aniversário, dança, música...) abandona-se o
grupo. Por isso é frequente encontrar grupos nos quais os animadores e o resto
dos membros do grupo não sabem sequer quantos pertencem de facto ao grupo.
Isto
deve-se evitar desde o primeiro momento, fazendo com que a assiduidade seja a
primeira exigência a fazer, não só por parte do animador, mas também por parte
de todos os membros.
2.
Grupo reduzido
Não
falamos de escassez de membros, mas de grupos que reduzem as dimensões próprias
de qualquer grupo cristão: a amizade, a reflexão, a oração e o compromisso. Ao
princípio os grupos dificilmente podem dar importância às quatro dimensões, daí
que seja o animador quem deve garantir que as quatro sejam atendidas. Com o
tempo, á grupos que tendem a centrar-se exclusivamente nalguma das quatro
dimensões: a oração (neste caso será uma oração desenraizada da realidade), o
compromisso (com o que constituiremos somente um grupo de tipo social), etc.
O mais
frequente é que muitos grupos se reduzam ao âmbito da reflexão, que
aparentemente é o mais fácil de atender, pois "basta" seguir o
programa de cada reunião (quando há um itinerário a seguir). Mas neste caso, a
reflexão não cumpre os requisitos que se lhe exigem, já que deve partir não só
de documentos, mas também da análise da realidade, e nessa análise deve
aparecer também o compromisso e a oração.
3.
O psicogrupo
Acontece
nos grupos que tendem a estruturar-se em função dos problemas dos membros do
grupo. Seriam "grupos-estufa", isto é, lugares onde os membros se
sentiriam muito bem e onde os objectivos se situam "dentro de
portas", na satisfação das próprias necessidades afectivas. Os objectivos
do grupo não se encontram somente dentro, mas, principalmente, fora dele, de
modo que, com o processo do grupo, se chegue a descobrir que o grupo é uma
célula de construção do Reino, e não uma estrutura para desenvolver somente as minhas
próprias capacidades e para me enriquecer pessoalmente.
4.
Grupo sem entendimento
É um
problema que costuma acontecer nos grupos onde há conflitos pessoais entre os
seus membros. Com este problema não se pode conviver e há que evitá-lo logo que
possível. Não pretendemos um grupo ideal, no qual tudo corre bem nas relações
dos seus membros; mas um grupo no qual as tensões são tão fortes que é
impossível o diálogo, o consenso ou a aceitação dos membros, é inviável.
Será
necessário que se procurem meios para que essas tensões se superem: algum
encontro de grupo, a possibilidade de realizar algum trabalho juntos, etc.
5.
Grupo inibido
Referimo-nos
com este termo aos grupos nos quais um bom número dos seus membros, normalmente
os mais tímidos, não têm a oportunidade de expressar-se ou participar de
diversas formas porque os outros têm uma liderança absorvente. O animador deve
estar atento de um modo especial aos membros que lhes custa mais falar, em
primeiro lugar valorizando a sua participação, e em segundo lugar aumentando a
sua auto-estima, isto é, animando as suas participações e felicitando aqueles
que as fazem.
6.
Grupo de pactos
Ao falar
de "pactos" fazêmo-lo em sentido figurado. O que caracteriza estes
grupos é a mútua "não agressão": "eu respeito-te, não exijo de
ti... e tu fazes o mesmo comigo". Deste modo vive-se sem tensões, sem
crises... e sem caminhar. É difícil que um grupo assim se mantenha por muito
tempo, porque cai pelo seu próprio peso.
7.
Grupo parado
É o
grupo que se limita às reuniões, mas que não vive nenhum outro elemento que lhe
dê vida e lhe ajude a olhar para fora: elementos dinamizadores que facilitem
uma melhor compreensão do que é o grupo, actividades que superem a simples
reunião, etc. Não estamos a propor um activismo, mas a tentar abrir os olhos
para descobrir que, ao longo de um ano, são necessárias determinadas
actividades que permitam que o grupo se sinta como tal fora do âmbito da
reunião semanal. Se o compromisso de tipo social não puder ser algo contínuo,
ao menos deve fazer-se o possível para que se possa viver alguma acção de tipo
pontual, que sirva de estímulo e impulso para o andamento do grupo e que
permita uma aproximação às realidades de necessidade. Este tipo de actividades
que saem fora do "normal" são as que, ao terminar o ano, dão ao grupo
consciência de ter feito uma caminhada e que lhes permite descobrir o sentido
de tudo o que, teoricamente, se realiza no grupo.
8.
Grupo de apegos
Os
componentes do grupo sentem-se muito bem uns com os outros, tanto que lhes
parece inimaginável outro grupo no qual faltassem alguns dos seus membros. É um
perigo, porque se pode chegar a identificar o grupo não com os valores que
proporciona, mas com as pessoas que o formam. É curioso, por exemplo, observar
como jovens que pertenceram a um grupo durante vários anos, e de uma forma
muito activa, abandonam esse modo de viver ao mudar de residência. Motivo? Lá
existem grupos, mas não estão os seus antigos companheiros.
9.
Grupo "estanque"
Este
obstáculo dá-se mais a nível pessoal do que a nível de grupo, mesmo que,
logicamente, há uma relação entre aquilo que o grupo é e como este influencia
em cada um dos membros. Entendemos como "estanque" a situação em que
o grupo é só uma actividade mais na semana, valorizada pelos membros como mais
uma ocupação, similar ou de menor importância que as actividades
extracurriculares: desporto, cursos de línguas, informática, etc. A vida têm um
grande número de compartimentos e o grupo é só mais um deles. Tudo o que faço
no resto da semana não tem nada a ver com o grupo, por isso o grupo não é mais
que um compartimento mais na vida de dos seus membros.
10.
Grupo de desordem
Todos os
restantes obstáculos podem ser de maior ou menor compreensão, mas este é o mais
simples. O grupo "de desordem" é aquele no qual não existe escuta, o
animador "não suporta" os outros, é necessário intervir
constantemente para voltar ao tema, etc. É muito frequente quando o animador é
muito jovem e quando o grupo tem muitos membros. Que fazer? Antes demais, não
desanimar, pois há animadores com verdadeira vocação, que perante estas
experiências sofrem verdadeiras frustrações. É aconselhável não ser muito
condescendente no princípio, deixar as coisas muito claras, fazer que sejam os
próprios membros do grupo a exigir ordem e escuta, fomentar o valor do respeito
de uns pelos outros... e ter muita paciência...
11.
Grupo dependente
Diz
respeito ao animador. É lógico que nos primeiros momentos do grupo o animador
tenha um maior protagonismo; mas à medida que passa o tempo e o grupo vai
amadurecendo, é necessário que o animador, sem renunciar ao seu trabalho, vá
dando protagonismo ao grupo e fazendo que as decisões sejam tomadas pelos
membros do grupo. Os grupos que dependem constantemente da pessoa do animador
dificilmente pode amadurecer, e se isto ocorre é possível que a principal
responsabilidade seja do animador.
12.
Grupo aberto
Antes de
explicar este obstáculo devemos deixar bem claro é que de facto o grupo é algo
aberto. No entanto, isto não quer dizer que no nosso grupo haja lugar para
todos, mesmo que seja "pouco popular" dizer isto. Vemos no Evangelho
que o número dos que seguiam Jesus se reduziu muitíssimo à medida que as
pessoas percebiam o que implicava seguí-lo. Por isso é um erro pretender
reduzir tanto as exigências do que significa formar parte do grupo, cujo fim é
tornar possível o seguimento de Jesus, que nele todos tenham lugar, mesmo os
que vivem valores totalmente opostos. Normalmente não é o grupo que tem que
dizer que alguém deixe o grupo. Mas o grupo deve deixar bem claro o que
significa a pertença a ele para que cada um veja se isso é para ele ou não.
13.
Grupo fechado
Seria
precisamente o extremo oposto. Por definição, um grupo fechado, no qual se
dissesse um "não" logo à partida a determinadas pessoas por
preconceitos de qualquer tipo, não poderia ser chamado de "cristão".
14.
Grupo ponte
Às vezes
corre-se o risco de converter o grupo num lugar "de passagem": gente
que vai "para ver", "experimentar", "convidado por um
amigo"... Logicamente não se pode entrar num grupo "às cegas". É
necessário saber em que se compromete, mas isso não pode significar que se
condiciona de tal modo o grupo que não existe nenhum tipo de estabilidade. É
necessário que as pessoas optem e quem faz parte do grupo saiba com quem pode
contar.
15.
Grupo órfão
16.
Este último obstáculo não é dos membros do grupo, mas dos
pais deles. Não maioria dos casos o papel dos pais é nulo, e enquanto não
"conquistarmos os pais" dificilmente podemos ter garantias com os
filhos, pelo menos quando estes são muito jovens. Conquistar os pais significa
mantê-los informados, assegurar que conhecem, ainda que de forma superficial, a
importância que o grupo tem para os filhos.
II.
Minigrupos
III.
Perguntas:
1.
Que obstáculos e dificuldades tem o meu grupo neste
momento?
2.
Que importância dá o meu grupo a cada uma das
quatro características do grupo cristão?
3.
Como posso concretizar (em quê) as quatro
dimensões?
IV.
Plenário
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Juvenil de Barcelos
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