O Grupo e a Pessoa
I.
Jogo: "Necessidades que gritam"
II.
Exposição
A.
O grupo como condição para o amadurecimento da pessoa
Na
sessão 1 vimos como o grupo era uma exigência da natureza da nossa fé:
acreditamos e vivemos numa Igreja que é comunidade, pelo que para fazer uma
iniciação para esta comunidade a melhor forma é "educar" para viver
em comunidade, num grupo de iniciação.
Agora
vamo-nos centrar na relação Pessoa - Comunidade.
O grupo
será necessário para uma autêntica realização-amadurecimento da pessoa?
O
conceito de pessoa é dinâmico e a pessoa vive em tensão contínua de ser e de
construir-se, desde a autonomia e liberdade, singularidade e criatividade,
abertura e comunicação, mais como capacidade do que como facto. A pessoa começa
a sê-lo no encontro com o outro. Ao descobrir o outro, descobre-se a si mesma.
É na relação interpessoal que a pessoa se vai realizar.
Não há
grupos sem pessoas, mas a pessoa também não se realiza sem o grupo, sem a
relação interpessoal.
No grupo
aceitam-se os valores pessoais de cada um, e nesse ambiente estabelece-se o
diálogo que torne possível a mútua doação do projecto partilhado. No grupo cada
um decide viver os seus próprios valores comunitariamente, em relação com os
outros e aceitando as mediações do grupo para viver a vida como resposta à
Palavra de Deus que tem a sua ressonância no grupo.
B.
O grupo como resposta a necessidades fundamentais
O grupo
responde a algumas necessidades fundamentais da pessoa:
·
Necessidade de amar e ser amado
(afectividade)
A
evolução afectiva faz parte integrante do amadurecimento pessoal. Alcançar o
pleno desenvolvimento da afectividade constitui uma aspiração vital de todas as
pessoas.
Para
isto é imprescindível o conhecimento e a relação com outros, a relação directa,
a intimidade, o dar e receber, etc.
Relações
calorosas ou empáticas
Grupo de
vida
·
Necessidade de produzir e sentir-se útil
(utilidade)
Desenvolver-se
como pessoa implica exercitar as próprias qualidades, expressar tudo aquilo de
que cada um é capaz, sentir-se útil para os outros...
Para
isto o grupo representa um desafio permanente, pois mais tarde ou mais cedo
surgirão iniciativas ou acções que requerem a colaboração de todos
Relações
funcionais
Grupo de
trabalho
·
Necessidade de ser o próprio (autenticidade)
A
realização pessoal autêntica precisa que os indivíduos superem as suas
inibições, abandonem as máscaras, deixem de aparentar o que não são e se mostrem
com total sinceridade e transparência, com naturalidade e espontaneidade...
Para
conseguir isto é necessário um clima de confiança mútua e de familiaridade
recíproca...
Relações
catárticas ou libertadores
Grupo de
expansão, autenticidade e transparência
·
Necessidade de compreender e dar sentido
Descobrir
a paixão de viver é algo que se alcança paulatinamente à custa de descobrir o
sentido das coisas, das pessoas, dos acontecimentos...
Este
sentido dificilmente se descobre isoladamente. É necessário o diálogo e a
comunicação existencial.
Relações
estruturais
Grupo de
diálogo e comunicação existencial
C.
O grupo de jovens como um grupo "primário"
O grupo
de jovens deve possibilitar uma relação "cara-a-cara", isto é, os
seus membros conhecem-se pessoalmente e têm uma relação directa, afectiva e
espontânea. É, portanto, um grupo reduzido de pessoas que partilham objectivos
e normas comuns que, ainda que não estejam escritas, são duradouras e
importantes.
O grupo
é o mediador entre a religiosidade institucional e a religiosidade pessoal. É a
melhor forma de iniciação para o cristão que quer viver a sua fé a sério.
A
primeira preocupação do animador de um grupo é, pois, que este
"funcione" como grupo, isto é, que os seus membros sejam conscientes
das suas relações e das suas responsabilidades recíprocas, que a comunicação
seja de qualidade e leve a um aprofundamento, que o ambiente possibilite a
partilha sincera e espontânea, que todos se sintam estimados e aceites.
O número
óptimo para conseguir estas características está entre os 10 e 15 membros. À
medida que se ultrapassa esse número é necessário haver
"compensações":
·
"Programar" encontros pessoais entre todos os
membros do grupo, para além dos espontâneos, para promover a mútua confiança e
evitar a "desunião" do grupo.
·
Evitar a tentação de se contentar com a coesão conquistada
e estar aberto aos novos membros, aos que estão em crise...
·
Programar momentos fortes, mais frequentes e mais
intensos, para aumentar a coesão e superar as dificuldades de coesão.
·
É necessário, sobretudo, que o grupo fundamente a coesão
não apenas nas relações pessoais mas também nos valores e objectivos comuns.
D.
O eixo "Pessoa-Comunidade"
"Personalização
da fé" e "iniciação à Comunidade" são dois movimentos que se
devem produzir simultaneamente. Mas esta simultaneidade dá origem ao confronto
"Pessoa-Comunidade". O grupo deve tomar consciência do seu carácter
mediador entre a religiosidade pessoal e a fé eclesial. É "caminho"
da pessoa até à Comunidade; mas um caminho aberto, que não priva o caminhante
do seu carácter livre e responsável, da sua capacidade de procura e de decisão.
O grupo
deve evitar os dois extremos:
·
converter-se em "protector", que proporciona
segurança e ao mesmo tempo temor de sair dele; neste caso isola a pessoa da
realidade na qual deve frutificar e desenvolver a sua actividade;
·
reduzir-se a um conjunto de pessoas que se reúnem para realizar
uma tarefa, mas sem laços que estabeleçam uma coesão interna, sem que exista
uma identificação enquanto grupo; neste caso não haverá experiência de pertença
eclesial.
Para
evitar estes extremos convém dinamizar os seguintes atitudes:
·
A comunicação, não como uma
experiência momentânea de "reunião para contar coisas", mas como um
processo sempre inacabado de abertura aos outros...
·
A atitude de serviço: mudança de atitudes,
renunciando aos interesses egoístas e colocar-se ao serviço dos outros...
·
A atitude de perdão e a correcção fraterna.
Mais do que um acto isolado, o perdão deve converter-se numa atitude que, sem
dúvida, deve ser exercitada com frequência...
·
A atitude de partilhar: desenvolve-se em
várias dimensões:
§
partilhar a oração e a presença de Cristo na
Palavra, a Fracção do Pão e os Sacramentos;
§
partilhar a vida (sentimentos, vivências,
acções,...) os bens, as decisões sobre o próprio futuro em discernimento
comunitário;
§
partilhar a missão e os dons e carismas ao serviço da
missão e da construção da comunidade.
E.
O fim do grupo
O grupo
é lugar de passagem para a comunidade cristã e não se deve confundir um com a
outra. Não é um fim em si mesmo: é um rio que desagua na grande
"Comunidade de comunidades" que é a Igreja. E este
"desaguar" deve acontecer nalgum momento, de forma espontânea ou
provocada. É a morte o grupo para que nasça a comunidade.
Ao longo
da caminhada do grupo é normal que os seus membros vão encontrando o seu
"lugar vocacional", mas sempre como resultado de uma descoberta feita
em grupo e pessoal que os leva a encontrar a comunidade adulta na qual podem
viver aquilo que descobriram no grupo de iniciação. Pode acontecer, ainda que
seja raro, que o próprio grupo se converta num grupo de adultos que vivem a
dimensão comunitária da Igreja.
Mas o
mais frequente será a integração nas paróquias, mas sempre com a preocupação de
dotá-la de estruturas comunitárias: grupos ou comunidades onde seja possível
viver as dimensões de uma comunidade cristã.
I.
Minigrupos
II.
Perguntas:
1.
No meu grupo, a que damos mais importância? À
pessoa ou ao grupo? Em que se manifesta?
2.
Como poderemos responder às necessidades da pessoa?
Como podemos evitar cair nos dois extremos apresentados?
III.
Plenário e Síntese
© Equipa Arciprestal da Pastoral
Juvenil de Barcelos
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